BRAVOOOOOOOOOOOOOO!
MARAVILHOSO!
ESSENCIAL LER!....
ESSENCIAL LER!....
Histórias de uma Guerra que o avô me contou ....
José Guerreiro, de 69
anos foi com 21 anos para a tropa.
Em 28 de Fevereiro de
1968, com 22 anos de idade, partiu para a Guerra colonial em Angola, no navio
Vera Cruz. Até chegar a Lucano – Luso, demorou 14 dias.
Ficou 28 meses e meio
na Companhia 23 61 e no Batalhão 28 43 como 1º Cabo – Radiotelegrafista – Era
responsável por um posto de rádio e pela preparação de todo o material para a
saída dos soldados em missões.
Participou em várias
companhias, uma delas junto ao Rio Cassai. E fez várias visitas aos cidadão
locais, que ajudavam e protegiam. Muitas vezes se sentou com as crianças a
ensinar o abecedário, a cantar, e alguns a ler e escrever.
A alimentação não era
muito variada, comiam alguma caça e durante 18 meses comeram, ao jantar, arroz
com salsichas e ovos e uma vez por mês, bacalhau.
Os helicópteros eram
utilizados para transportar doentes, medicamentos e mantimentos.
Durante as missões
cada soldado tinha uma ração de combate constituída por: 1 lata de sardinha, 1
lata de chocos, 1 pacote com 4 bolachas e dois pedaços de fruta cristalizada,
para um dia.
Por estar na Guerra,
no Ultramar, recebia 1500 escudos de salário, nos dias de hoje representa 7,5€
mas naquele tempo era um bom rendimento. Se não tivesse ido à Guerra receberia
500 escudos.
A grande parte do dinheiro que os soldados recebiam era para a família,
pois os tempos não eram fáceis e a maioria das pessoas passava dificuldades.
Aos 16 anos perdeu o
seu pai e a sua grande preocupação era a sua mãe que tinha ficado a gerir,
sozinha, a padaria que possuíam.
Saiu em duas missões,
uma delas, com os catangueses dando-lhes cobertura para realizar um ataque.
Em muitas deslocações
eram atacados. Numa ida à cidade para ir buscar o correio, o capitão e o
motorista estavam a 200m do quartel quando foram surpreendidos com uma mina
(tática da guerrilha), que provocou uma explosão e consequentemente queimaduras
em ambos.
Todos os soldados, ao
ouvir a explosão saíram de imediato para prestar auxilio. Esta saída foi
realizada por soldados armados, pois poderiam ser atacados.
Lembra-se que eram 7h em ponto e que estava
nesse momento a fazer a barba.
A família estava
distante e as saudades eram muitas, a comunicação era feita por aerogramas.
Portugal ficava a 120
247 Km e esta era a única maneira da família receber notícias e os soldados
também.
“Benvindos
sejais vós oh maçaricos ao Reino da Velhice.”
Quando partiu para a
Guerra não era casado, mas naquele tempo muitos soldados casavam por procuração
e foi o que aconteceu com ele. A noiva tratou da documentação e, com o seu
consentimento, casou no dia 10 de Abril de 1969, 15 meses antes de regressar a
Portugal.
Nesse dia, recebeu o
comunicado de que estaria a casar e foi comemorar com os colegas. Em Portugal o seu cunhado representou-o na cerimónia.
Regressou a Portugal
em junho de 1970.
Tanto tempo distante,
numa guerra sem explicação. Muitos foram os soldados amigos que não conseguiram
regressa para as suas famílias.
Muitos são os
soldados amigos que trouxeram imagens de morte, de fome de luta por uma terra
que não nos pertenciam.
José não concordou
com a guerra, faz por esquecer os maus momentos embora muitas vezes acorde assustado
como se ainda lá estivesse.
Todos os anos a
companhia 23 61 se encontra para partilhar memórias de um tempo em que
dependiam uns dos outros e lutavam pelas suas vidas.
Com esta passagem
pela Guerra, José passou a dar mais valor à vida!
FIM
Martim Mendonça nº10 6ºD
Fonte: Familiar (Avô Materno)
Adorei a historia do teu avo
ResponderEliminaruau... muito fixe
ResponderEliminaruau... muito fixe
ResponderEliminarSou agora aluno da prof. Marina Afonso que mostrou este trabalho durante a aula e fiquei fascinado excelente trabalho Martim Mendonça!
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