terça-feira, 9 de junho de 2015

Goa



Goa era a sede do governo português no oriente

Núria 5ºB
Maísa 5ºB

SABER +

Sistemas defensivos das Ilhas de Tiswadi e Diu

Ocupação e fortificação de dois territórios insulares da Índia portuguesa 





 “Tavoa de Goa há Nova”, ilustração existente no Roteiro de Goa a Dio (1538-39) de D. João de Castro [“Roteiro de Goa a Dio” (fac-simile publicado por Diogo Köpke em 1843)]


Os Feitos de Diu 



O primeiro cerco de Diu, onde em 1531 pouco mais de 600 portugueses resistiram gloriosamente ao ataque de mais de 20.000 turcos, foi palco das mais notáveis acções de valentia da história mundial, algumas delas por galhardia de determinados indivíduos, outras, obra do esforço colectivo. De tal forma impressionante foi o acontecimento, que os relatos da formidável resistência portuguesa percorreram as cortes da Europa daquele tempo, perante o ouvido atento e maravilhado de reis, príncipes e capitães... 

Dos nomes mais conhecidos que ficaram para a história do cerco, um deles foi António da Silveira, o capitão da fortaleza, autor da célebre carta enviada ao comandante turco, onde afirmava que todos os portugueses ali tinham "tomates mais fortes" que as balas dos canhões dos turcos... 

Mas muitos outros se destacaram. E como já tive a oportunidade de falar de alguns deles anteriormente, falarei-vos hoje da façanha de João da Fonseca. 

Decorria o cerco, e numa certa manhã desse longínquo ano de 1531, os turcos acometiam mais uma vez à fortaleza de Diu, já severamente castigada pelos constantes ataques, bem como a guarnição portuguesa, mal armada e exausta. 

Junto ao baluarte de Diogo Lopes de Sequeira, pouco mais de 60 turcos principiaram o ataque, subindo pelas destruídas muralhas. Aí, grande dose de valentia teve Gaspar de Sousa e os seus homens, que revezando-se. conseguiram unidos fechar a brecha, e suster, vaga após vaga, o ímpeto turco, 
Durante este peleja, que provocou vários mortos de parte a parte, um dos feridos foi um rapaz chamado João da Fonseca, que tinha sido gravemente alvejado na mão direita, acorrendo imediatamente ao sangradouro para assistência médica. 

Porém, vendo a confusão em que este se encontrava, numa algazarra de de gritos de dor, mortos e feridos a serem amontoados, ignorou o gravíssimo ferimento que lhe impedia os movimentos do braço direito e lhe causava incomportável dor, e, conseguindo a custo tomar um escudo no braço decepado, levantou-o mais alto que pôde. 

A seguir, pegando com o mão esquerda numa lança que tinha encontrado no chão da fortaleza, cambaleou, o mais rápido possível, para junto dos seus companheiros, que defendiam uma brecha aberta pelo inimigo. 
Como o lugar onde a defesa se fazia era tão apertado que em ele não cabiam mais de doze ou treze homens, ficavam muitos detrás dos outros, esperando um espaço deixado livre pelos que iam morrendo ou ferindo-se, para entrar na peleja. 

Isto não teve que esperar o bravo João da Fonseca, que saltou para a primeira linha de combate, desferindo tão maravilhosamente poderosas lançadas com o seu braço esquerdo, quase tão bem como antes de perder o direito! 
Duarte Mendes, que se encontrava atrás dele, vendo João da Fonseca sangrar gravemente do seu braço decepado, gritava-lhe para que este lhe desse o lugar. 

Mas João da Fonseca, ou por não ter ouvido, ou por não querer ouvir, continuou a distribuir lançadas pelos inimigos, indiferente às dores que sentia e ao sangue que jorrava furiosamente do seu braço direito... 

Tornando Duarte Mendes a chamá-lo, desta vez puxou-o para junto de si, apartando-o da luta, pedindo-lhe que se retirasse e fosse tratar da ferida, que ele tomava o seu lugar. 
A resposta de João da Fonseca não se fez esperar: 

«Como? Se eu ainda tenho o braço esquerdo saudável e pronto a lutar, sois assim tão atrevido para pedir o meu lugar? Deixai-vos disso e não me ocupeis nessas coisas o tempo que posso aproveitar!» 

Sem mais conversa, voltou para a luta como dantes, animando todos os portugueses com a sua valentia. E assim continuou, até que o Capitão Lopo de Sousa, temendo pela saúde de tão valioso soldado, lhe rogou que este se fosse curar, quase obrigando-o à força! 

E lá se retirou o grande soldado, profundamente zangado, mas obedecendo a ordens superiores. 

Exemplo máximo da coragem e espírito de sacrifício da alma portuguesa ao serviço de uma causa, João da Fonseca ficará para sempre recordado em Diu como o homem que depois de ter perdido um braço na peleja, logo a ela voltou, pronto a lutar com o outro, ou sem ele, se assim fosse necessário... 

Fonte: O primeiro cerco de Diu, Lopo de Sousa Coutinho 

Sem comentários:

Enviar um comentário